História de Purim

 Há muitos anos atrás, o nosso povo estava vivendo exilado na Babilônia, pelo Rei Nabucodonosor. No entanto, quando a Babilônia foi tomada pelos persas muitos judeus foram morar na capital da Pérsia, chamada Shushan. Entre estes judeus, havia um tsaddik – justo, chamado Mordechai, que era zelozo em cumprir as mitsvot de Ribono Shel Olam contidas na Torah. Mordechai fazia questão de cumprir a Mitsvá de Santificar o nome de H’Shem e por esta razão foi o único que se recusou a comer e beber em um banquete oferecido por Achashverosh, o grande Rei da Persia e da Medea, possuidor de 127 províncias.

     O Rei Achashverosh, era um homem com um temperamento sensível e mudava de opnião a todo momento. Por esta, razão que os judeus o chamavam de Achashverosh, que é um trocadilho em hebraico que significa “dor de cabeça”. 

      O Rei Achashverosh também era muito vaidoso e decidiu fazer um grandioso banquete que duraria 180 dias, para mostrar a todos seu poder e riqueza.

     Durante o banquete, o Rei bêbado, ordenou que sua rainha, chamada Vashti, se apresentasse perante seus convidados usando apenas sua coroa. Era um capricho de um rei vaidoso, que queria provar que sua esposa era a mais bela de seu reino.

     Quando Vashti, recebeu a ordem, de pronto se recusou. Vashti era neta de Nabucodonosor e fora trazida da Babilônia quando os persas a invadiram. E Vashti, se sentia superior ao Rei Achashverosh, já que ele não tinha linhagem real.

       Quando o Rei foi informado da recusa de Vashti, ficou furioso e determinou que ela deveria obedecê-lo, se não, sofreria as consequências.

Então Vashti, temendo o que poderia acontecer, decidiu cumprir o capricho do rei. Entretanto, quando foi se arrumar, viu que estava com muitas espinhas, e por vaidade e não por recato, desobedeceu ao rei.

       O poderoso Rei Achashverosh, foi envergonhado por sua esposa perante todos os convidados. E agora, o que fazer, com Vashti?

    O Rei reuniu-se com seus conselheiros para tomarem uma decisão. E Memuchan, também conhecido como Hamã, tomou a palavra, e convenceu ao Rei que Vashti, deveria ser morta, já que seu mal exemplo, poderia servir para todas as mulheres do reinado. Hamã, não gostava, de Vashti, pois ela não havia convidado a sua esposa para o banquete que ela também estava oferecendo para as mulheres. E esta, seria a ocasião perfeita para se vingar da rainha.

      O Rei, que estava bêbado e tomado de fúria, determinou que Vashti deveria ser morta e que a punição dela servisse de exemplo, para todas as mulheres do reino.

       Entretanto, Hamã, não conformado acrescentou, que seria sábio o rei decretar que “ninguém possa vir à sua presença sem a sua permissão”, pois Vashti poderia convencê-lo a perdoá-la e sua misericórdia poderia acabar com seu reino.

       E assim foi feito, Vashti, foi morta, e uma explicação oficial foi enviada as 127 províncias da Medea e da Persia.

     Dias se passaram, e o Rei Achashverosh, sentiu saudades de Vashti e mandou chamá-la. Ele havia esquecido de tudo o que ocorrera naquele banquete, pois estava muito bêbado. O criados muito temerosos, explicaram com detalhes tudo o que havia ocorrido. O Rei Achashverosh, foi tomado por uma tristeza muito grande, e com raiva, se vingou de todos os seus conselheiros, enviando-os para bem longe de Shushan. Mas para Hamã, isto era pouco, o rei arquitetou um plano para se vingar dele, e primeiro o promoveu ao alto comando, para que se sentisse muito seguro, e assim sua queda seria maior. No entanto, se vingar dos conselheiros não diminuiu a tristeza do Rei pelo que fizera com Vashti. Seus servos, vendo a tristeza em que o Rei estava se afundando, ficaram com medo que outro tomasse o seu trono, e assim todos fossem substituídos. E então, tiveram uma idéia brilhante! O Rei deveria se casar novamente!

       Foram até ao Rei e lhe sugeriram esta brilhante ideia. E o rei levantou a cabeça interessado. Quando contaram que a nova rainha, deveria ser escolhida por um concurso de beleza, o rei ficou muito feliz e logo ordenou que oficiais fossem enviados às 127 provincias de seu reino, para que as jovens mais belas, fossem escolhidas, e trazidas para o harem do palácio real.

       O assunto mais comentado em toda a Medea e Persia, era a escolha da nova rainha, as pessoas estavam muito entusiasmadas, pois havia a esperança, de uma parente, amiga ou conhecida ser a escolhida. Entretanto, havia uma pessoa, que não estava feliz com os acontecimentos recentes. Este, era Mordechai. Ele, tinha razão para estar preocupado, já que cuidava de uma jovem muito bela e doce, chamada Hadassa, que fora morar com Mordechai seu primo, desde muito pequena. Hadassa, era uma jovem com qualidades muito profundas, seu recato e carater excepcional, inalteciam ainda mais sua beleza.

       A princípio Mordechai tentou esconder sua prima, entretanto, o rei decretou que se alguém tentasse se esconder, deveria morrer. Mordechai, temento o que poderia ocorrer com Hadassa, decidiu mandá-la sair, mas antes a instruiu, que não poderia revelar sua verdadeira identidade, e deu um novo nome a ela, Ester, que quer dizer “oculta”.

       Assim, que Ester, saiu logo foi encontrada por um dos oficiais reais, e a levaram para o palácio real.

      Logo que Ester, chegou ao harem, ganhou a preferência de Hagai, o responsável pelo Harem. Por esta razão, foi mais fácil convencê-lo de que era vegetariana e que não comeria comida cozida, mantendo assim uma alimentação kasher. Hagai, também, deixou Ester escolher as servas que quizesse. Assim, Ester escolheu as que possuiam boas qualidades, e cada uma trabalharia em um dia na semana, para não se encontrarem, e desta forma, não descobrirem que Ester guardava o shabat.

      Os meses se passaram e chegou o momento em que Ester deveria passar uma noite nos aposentos do Rei. Todas as outras candidatas escolhiam as melhores jóias, o perfumes mais cheirosos, mas Ester nada quis, aceitou apenas o que Hagai determinou para usar. Quando o Rei a viu, ficou impressionado com sua beleza e qualidades excepcionais. Entretanto, decidiu esperar e observá-la, para se certificar que Ester realmente era uma jovem virtuosa.

     Finalmente, o Rei decidiu e colocou a coroa de rainha sobre a cabeça de Ester.

     A vida no palácio parecia ter voltado ao normal. Contudo, fermentavam alguns problemas, aos quais o rei nem imaginava. Bigtan e Têresh, dois guardas do rei, tornaram-se hostis e planejaram assassiná-lo. Porém, Mordechai, ouviu todo o plano, e rapidamente contou a Ester, que salvou a vida do Rei. E tudo isto foi escrito nos livros de memórias do rei.

       Após estes acontecimentos, o rei novamente promoveu a Hamã,  o que parecia estranho, já que fora Mordechai, quem salvou a vida do rei. Maele agia por capricho, e por isto tomou esta decisão.

       O rei decretou que as pessoas deveriam se curvar a Hamã, e deveria ser trado como o ministro mais importante do seu reino. Hamã, aproveitando-se da ocasião, pendurou o seu ídolo no pescoço. Então, se alguém se prostrasse a ele, estava se prostanto também para seu ídolo. O que era errado, pois a Lei da Persea oferecia liberdade de religião.

         Todos se curvavam a Hamã, menos uma pessoa, Mordechai. Mordechai jamais se curvaria diante de um ídolo, isto era completamente contra a Torah. Isto deixou Hamã tomado de ódio, e este arquitetou um plano para exterminar não só Mordechai mas todo o povo judeu. Então, ele jogou um artefato chamado “pur” – sorte, para determinar o dia e o mês do extermínio do povo judeu, que caiu em “13 de Adar”. Hamã, ficou radiante, pois achava que a sorte estava do seu lado e astutamente convenceu o rei de seu plano, e o rei que já não era muito amigável com o povo judeu, deu carta branca para Hamã, para que ele fizesse todo o trabalho sujo.

       Hamã, enviou um decreto, para todas as 127 províncias, informando sobre seu plano de destruição do povo judeu.

       Mordechai, ficou muito triste e começou a gritar e a pedir para todo o povo se arrepender e buscar ajuda de H’Shem e tentou entrar no palácio para falar com o Rei, entretanto, foi ignorado, já que estava vestido de estopa. Mas, Mordechai, não desistiu, ficou sentado no portão para chamar a atenção real.

       Quando Ester soube o que Mordechai estava fazendo, ficou muito preocupada e enviou roupas para ele vestir. Mas ele se recusou e contou tudo o que estava acontecendo, e disse que Ester deveria falar com o Rei. Ester ficou muito assustada, e sem saber o que fazer. Ester sabia se fosse até a presença do rei sem ser convidada poderia morrer. Mas mesmo assim, decidiu sofrer o risco de morte para lutar por seu povo. Pediu a Mordechai que avisasse ao povo para jejuar durante três dias, e após isto, falaria com o rei. 

Ester e suas servas jejuaram, juntamente com o povo, e clamaram a H’Shem por ajuda. Após o jejum, se arrumou e foi até o rei. Ao chegar aos domínios do Rei, Ester foi recebida de uma maneira dura, entretanto, os servos não ousavam tocar na rainha. Mas como Ester estava protegida por H'Shem, de repente o Rei estendeu o cetro de ouro para ela, e calmamente, perguntou o que ela desejava. Ester, decidiu convidar o rei e Hamã para um banquete, pois desta forma o ele esqueceria que ela havia desobedecido a lei de não entrar perante o rei sem ser convocada. E deu certo, o rei estava mais calmo e satisfeito,  e queria saber o que Ester realmente desejava. Ester então o convidou para um novo banquete.  

       Naquela noite o rei não conseguia dormir, foi então que chamou seus servos para que lessem o diário real, foi quando chegou no fato em que a vida do rei foi salva por Mordechai. O rei intrigado, perguntou se havia recompensado Mordechai, entretanto, seus servos lhe informaram que não. Logo o rei decidiu que deveria recompensá-lo. No outro dia, bem cedo, pela manhã, Hamã foi ao palácio para pedir permissão ao rei para enforcar Mordechai, entretanto, o rei nem lhe deu a chance de falar, e logo disse: O que se deve fazer com alguém a quem o Rei quer honrar?Hamã, logo pensou, que devia ser ele esta pessoa, e nem imaginava que era seu maior inimigo, Mordechai.

      Hamã, respondeu: Quanto ao homem a quem agrada ao rei honrá-lo, tragam uma veste real que o rei tenha usado, e um cavalo que o rei tenha montado e tenha na cabeça a coroa real, entregue-se a veste e o cavalo às mãos de um dos mais nobres ministros do rei e vistam aquele a quem o rei deseja honrar e o façam montar no cavalo na praça da cidade e digam: Assim faz ao homem que o rei deseja honrar.

        O Rei então, ordenou, faça você mesmo tudo o que disse, e honre Mordechai, o Yehudi.

        Hamã, com muita raiva, fez como o rei havia ordenado e honrou Mordechai perante toda a cidade de Shushan.

Depois deste fato, Hamã, foi ao banquete de Ester com o Rei, e  foi quando a rainha revelou que ela e seu povo estavam condenados a morte, e que Hamã era o responsável.

       Naquele mesmo dia, o rei deu nas mãos de Ester Hamã e sua casa, que foram condenados à morte por tentarem destruir o povo judeu. Hamã foi enforcado na forca que ele mesmo construiu para Mordechai. O Rei também deu o anel real que estava com Hamã, para Mordechai e o nomeou como seu mais alto ministro. Entretanto, havia um problema, um decreto feito pelo rei não poderia ser revogado, isto queria dizer, que não teria como anular a destruição do povo. No entanto,  H’Shem ama e cuida do povo judeu. E após Ester e Mordechai muito pensarem em uma solução, e decidiram enviar um novo decreto às 127 provincias da Persia, permitindo ao povo judeu a se defender e destruir todos os que se levantassem contra eles.

        No dia 13 de Adar, todos os judeus que moravam fora de Shushan lutaram e venceram seus inimigos, e descansaram em 14 de Adar. Já os judeus que moravam em Shushan lutaram até o dia 14 de Adar, e descansaram no dia 15 de Adar.

          A vitória foi eminente, e todo o povo judeu ficaram felizes e agradecidos ao Eterno por ter mudado a sorte de todo o povo. 

         Ester e Mordechai enviaram cartas a todos os judeus das 127 províncias, ordenando a celebração da Festa de Purim nos dias 14 e 15 de Adar, para recordaram do grande livramento que H’Shem concedeu ao povo.

          E assim todos os anos, nos dias 14 e 15 de Adar, celebramos a vitória da Rainha Ester, Mordechai e todo o povo judeu, sobre seu implacável inimigo Hamã.

 

Significado de Purim

A palavra Purim é o plural da palavra "Pur" - sorte, que foi o artefato utilizado por Hamã para determinar a data de extermínio do povo judeu. Entretanto, justamente neste dia, H'Shem mudou a sorte do nosso povo, e vencemos nosso inimigo. 

 

Jejum de Ester

No dia 13 de Adar faz um jejum que se inicia antes do amanhecer e termina após o anoitecer, em recordação aos três dias de jejum feitos por Ester e o povo para que ela fosse recebida pelo rei.

 

Machatzit Hashekel

É costume antes da mincha do dia 13 de Adar, doar para os necessitados a quantia de 3 moedas no valor de meio shekel cada, por cada membro da família, em memória ao meio shekel que cada pessoa deveria contribuir no templo.

 

Mitzvot de Purim

Matanot Laevyonim

Doar uma quantia em dinheiro para necessitados durante o dia de Purim. Se não encontrar alguém colaca-se a quantia em uma caixinha de tsedacá.

 

Mishloach Manot

Enviar alimentos prontos para consumo para um amigo durante purim. Devem conter massas e/ou vinho e frutas, e devem ser entregues por um mensageiro.

 

Refeição festiva de Purim

Deve haver uma refeição festiva durante o dia de Purim e deve conter vinho, carne e pão.

 

Costumes de Purim

Fantasia

Em Purim colocamos fantasias para nos alegrarmos ainda mais e para demonstrarmos que este mundo é apenas uma vestimenta para o Criador. 

 

Reco reco

Todas as vezes que o nome de Hamã é pronunciado fa-se barulho com o reco reco durante a  Leitura da Meguilá.

 

Purim e as crianças

     As crianças foram muito importantes para a vitória de Ester e Mordechai sobre Hamã. Segundo nossos sábios, quando Mordechai soube da notícia que o povo judeu estava sentenciado à morte, ficou aterrorizado, e quando estava indo até o palácio, Mordechai encontrou um grupo de meninos voltando da yeshivá. Parou uma das crianças e perguntou: “Que versículo você aprendeu hoje?”

O menino respondeu corajosamente: “Não temas o terror súbito, nem a destruição dos perversos se vier”. A face amedrontada de Mordechai se iluminou. Abordou uma segunda criança e fez a mesma pergunta. O menino respondeu: “Façais um plano, mas será malogrado. Digai tudo que quiserdes, não se materializará, pois o Eterno está conosco!”

     Encorajado pela fé sincera das crianças, fez a mesma pergunta a uma terceira criança. Esta respondeu: “Até tua velhice, Eu estou contigo; até tua senilidade, Eu te sustentarei; Eu te fiz, Eu te conduzirei; Eu te sustentarei e te libertarei!”

Depois das respostas das crianças, Mordechai se levantou confiante e teve certeza que não importava o que Hamã havia tramado, pois o Eterno estava ao lado do Seu povo. (trecho retirado do Livro "Ester, a história de Purim".)

 

H’Shem se agrada muito da alegria das crianças em Purim, vejam o que o Rebe mencionou sobre isto:

 

A Festa de Purim é especialmente alegre para as crianças. Todos os anos elas vão à sinagoga com matracas de todos os tipos.

Na sinagoga do Rebe, em certo momento, durante a leitura anual do Rolo de Ester, as crianças entusiasmavam-se demais, e alguns adultos ficavam atormentados porque não conseguiam ouvir a leitura, e gritavam para acalmá-las. Mais tarde, o Rebe falou a esses adultos:

- Em sua inocência própria, as crianças fazem enorme algazarra e, com isso, divertem-se - disse ele. - Vocês, é claro, querem ouvir a leitura, mas devemos também apreciar a grande alegria de D´us ao vê-las comemorarem.

 

Todas as vezes que as crianças se alegram em Purim,  H’Shem se lembra das pequenas crianças que contagiaram Mordechai com sua emuná pura e sincera. 

 

Máscaras de Purim para imprimir: